Voto, Direito do Cidadão

Há cerca de 3 anos milhões de brasileiros lotaram as ruas para lutar contra a corrupção, pedir mudança, justiça, seriedade, entre tantas coisas. Até um manifesto com as famosas “10 medidas contra a corrupção” entrou na pauta e contou com milhões de assinaturas. O lado que estava no governo reagiu e também levou milhares às ruas para defender um projeto que consideravam vitorioso.

Veio 2016, a presidente sofreu o impeachment e seu vice assumiu, mudou a cara da economia, é verdade, mas as mazelas de outrora continuam a assolar nosso país. Ministros acusados de corrupção, deputados e senadores, líderes do antigo e do atual governo, além de nomes fortes da situação e da oposição envolvidos até o pescoço, reformas que não saem do papel e o mais importante, qual a reação dos brasileiros?

Ah, nesse ano temos Copa do Mundo, Neymar contundido, será que o Tite consegue trazer o caneco?

Estamos a praticamente seis meses de uma das eleições mais importantes da nossa história e o que ouvimos? Os mesmos personagens de sempre se colocando, alguns se vitimando, mesmo tendo provas cabais apresentadas contra si. Precisamos limpar de vez nossa honra, os políticos de sempre estão acuados, analistas dizem que é chegada a hora de novos líderes surgirem, mas será que temos condições de mudar? Precisamos analisar curriculuns como fazemos nas empresas ao escolher futuros presidentes, diretores e gerentes. São eles que comandarão nossos destinos pelos próximos quatro anos. Não podemos nos curvar novamente e repetir os mesmos erros dos anos anteriores.

Será que uma empresa de sucesso contrata seus CEOs através de publicidade ou tempo na TV? Contrata aquele que gastou mais para convencer os acionistas de que é o melhor? Será que contrata aquele que mais promete, sem ao menos dizer como pode realizar? Ou pior, será que contrata aquele que oferece vantagens financeiras aos avaliadores? Com certeza, uma empresa de sucesso, não!

Nas eleições precisamos pensar como um acionista, um conselheiro que busca o melhor gestor para sua organização. Avaliemos os candidatos, vejamos o que já fizeram no passado, se pensarmos em políticos já eleitos anteriormente, analisemos suas condutas e suas atuações através de projetos apresentados e realizados, sua relevância, os benefícios causados à população, pesquisemos suas vidas pregressas, se não têm condenações em processos de corrupção, abuso de poder, assédios em geral. Se optarmos por mudanças, também precisamos ter a mesma coisa em mente, o que os “novos” já fizeram, como atuam na iniciativa privada, qual a atuação em organizações sociais, qual o comprometimento com o próximo, etc.

Não é mais possível acreditarmos em “salvadores da pátria”, não é possível acreditarmos que alguém que gaste milhões de reais para se eleger deputado ou senador esteja realmente interessado no bem comum.

É chegada a hora de darmos o troco, é chegada a hora de mostrarmos quem realmente tem o poder nesse país, e somos nós: o povo, os eleitores. Não podemos mais fugir da responsabilidade, dizer não gostar de política, que a política é suja ou simplesmente não votar, é simplesmente lavar as mãos, se omitir e deixar que as mazelas continuem. No dia 7 de outubro teremos papel fundamental quando estivermos ali, dentro da cabine de votação, acompanhados apenas das nossas consciências e prestes a exercer um dos direitos mais importantes garantidos pela nossa Constituição, o direito de exercer a nossa soberania, a soberania popular pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, onde todos nós teremos o mesmo valor, independente da condição financeira ou social, do gênero ou da cor da pele.

Juscelino Kubitschek disse certa vez que “É inútil fechar os olhos à realidade. Se o fizermos, a realidade abrirá nossas pálpebras e nos imporá a sua presença.” E essa realidade pode ser perversa.

Encerro citando o saudoso Ulysses Guimarães em seus discursos de posse como presidente da Assembleia Nacional Constituinte e na promulgação da Constituição Federal de 1988, a Constituição Democrática: “A Nação quer mudar, a Nação deve mudar, a Nação vai mudar”.

José Antonio F. Antiório Filho é Advogado com MBA em Gestão Empresarial.

*Artigo publicado na Revista Vertical News

Edição nº 51 – 03/2018