O que você quer ser quando crescer?

Quando crianças, uma das perguntas que mais ouvíamos era justamente essa: “o que você quer ser quando crescer? ” A resposta automática, ou sonhadora, de criança sempre nos levava a algo relacionado aos desejos mais prementes, como astronauta, bombeiro, policial, entre outras. Com o passar do tempo a pergunta acabava tendo respostas mais direcionadas e ligadas ao que realmente seríamos no futuro.

Hoje em dia, porém, a resposta fica cada vez mais difícil, sem contar que muitos fatores acabam influenciando na escolha. Muitas vezes o dinheiro fala mais alto, principalmente quando os pais são ouvidos, o que já não acontece como em gerações passadas. O sonho de ser o que os pais eram já praticamente não existe, como diz a música “nossos ídolos são outros”. A própria pergunta já não é ouvida com tanta frequência.

O que o mercado procura, hoje, são líderes, empreendedores, focados e comprometidos. Mas será que é isso que temos? A juventude mudou e as carreiras mais promissoras também. Se pegarmos as 10 mais em alta de acordo com o site Via Carreira, talvez apenas a décima seja mais “tradicional”. Temos Agroecólogo, Técnico em Drones, Desenvolvedor Mobile, Gerontólogo, entre outras.

Uma grande reclamação, porém, que vemos de executivos e gerenciadores de carreira é que a juventude de hoje procura muito mais qualidade de vida e realização de sonhos do que a independência financeira. Trocar um ótimo emprego num grande escritório na Avenida Paulista por uma vida alternativa num quiosque em Búzios trabalhando com comida natural e sucos saudáveis, pode parecer um absurdo às gerações que hoje têm 40, 50 anos, porém aos mais jovens é perfeitamente comum. Outro fator é que os jovens, às vezes ainda “trainees”, acreditam estar muito acima de seus superiores, cujas experiências ainda contam muito.

Com a geração 4.0, ou a 4ª Revolução Industrial, teremos muito mais máquinas e muito menos necessidade de mão-de-obra humana, o que que fará com que tenhamos de nos reinventar a cada dia, a cada ano. Carreiras tradicionais estão fadadas ao fim, ou a uma nova modelagem. Segundo o Malaysian Foresight Institute (myForesight), em levantamento divulgado no final de 2018, algumas carreiras tradicionais estão com os dias contados, e entre elas destacamos algumas como Contadores, Corretores, Analistas de Marketing, Bibliotecários entre outras.

E então o que faremos?

Precisamos literalmente nos reinventar. Seja num giro de 180 graus mudando radicalmente, seja mudando a forma de como fazer nosso trabalho, seja adaptando-nos às novas necessidades da humanidade. Há poucos anos seríamos capazes de acreditar que algo como o Uber, AirBNB, Decolar substituiriam Táxis, Corretores de Imóveis ou Agências de Viagem? E se formos um pouco mais para trás, imaginaríamos que uma máquina de escrever IBM elétrica de “última geração” viraria peça de museu, ou nem isso, tão rapidamente?

Os tempos mudaram, as carreiras estão em constante mudança e não podemos parar no tempo. Estudar não sairá mais do cotidiano de quem busca o sucesso e reinventar-se a cada dia será um mandamento tão importante quanto respirar num futuro muito mais próximo do que podemos imaginar.

José Antonio F. Antiório Filho é Advogado com MBA em Gestão Empresarial.

*Artigo publicado na Revista Pass (Revista de Bordo da Passaredo Linhas Aéreas)

Edição nº 52 – 07/2019