As redes sociais e os relacionamentos

Quem nunca esteve sentado num restaurante e ao olhar para outras mesas percebeu que em praticamente todas havia pelo menos uma pessoa ao celular? Ou pior, quem nunca percebeu em determinado momento que seu parceiro ou parceira está dando muito mais atenção ao smartphone do que a você mesmo? Essas situações fizeram surgir o “phubbing”, um problema que está destruindo relacionamentos. Criado em 2013 o termo representa a união das palavras “phone” (telefone) e “snubbing” (esnobar) e é usado quando alguém ignora as pessoas ao seu redor por causa do celular, fato bem corriqueiro nos dias de hoje, não?

Em tempos de domínio das redes sociais alguns fatores acabam tendo ligação direta com a justiça e com o direito.

Segundo pesquisas as redes sociais hoje são as principais responsáveis pelo fim dos relacionamentos e o mais grave, segundo a Universidade de Boston, cerca de 32% dos divórcios têm como causa principal o “Facebook”, que está ligado ainda ao crescimento de 2,18% nesse tipo de ação nos tribunais americanos. Cerca de 80% dos advogados dos EUA, especializados em casos matrimoniais afirmam que houve um aumento considerável nas evidências de casos de adultério pelas redes sociais, após pesquisa realizada pela Academia Americana de Advogados Matrimoniais.

E no Brasil a situação não é diferente, segundo advogados e juízes a traição pela internet já é a maior causa de divórcios no país. A maioria dos casamentos têm acabado devido à infidelidade nas redes sociais e aplicativos.

E porque isso tem acontecido? Segundo um dos maiores especialistas em Direito Digital do Brasil, Dr. Coriolano Camargo, “as redes sociais mostram um cardápio de opções jamais visto na história”, principalmente quando os relacionamentos se iniciavam fisicamente. Ao entrar nas redes para visualizar sua página ou apenas para ver o que está acontecendo no mundo, ou seja sem a menor intenção de cunho amoroso ou afetivo, o usuário se depara com posts, stories e fotos de mulheres e homens que lhe causam certo despertar, e por mais que seu relacionamento esteja num bom momento se percebe que existem muitas “opções” ali, bem pertinho. Fotos de uma balada, de uma viagem, uma pose considerada mais sensual ou mostrando o corpo “sarado” abre um leque de oportunidades de realização de desejos.

Encontros com pessoas do passado que já tiveram envolvimentos ou apenas se desejou ter, a percepção de que um colega de trabalho é muito mais interessante do que se vê por trás do uniforme, o professor que em momentos de lazer é bem mais interessante do que aquele personagem que usa o surrado “jaleco”. Tudo isso causa um despertar e aí vemos uma investigação da One Poll de que 50% das mulheres já teriam um novo relacionamento engatilhado caso terminem o atual, uma espécie de carta na manga ou plano B.

Em tempos que vemos o crescimento dos chamados “contratos de namoro”, do “morar junto antes de casar” para se ter certeza de que é aquilo mesmo que se quer, entre outros tipos de relacionamentos, digamos, mais modernos, vemos que os casamentos e uniões estáveis estão sob sério risco e o perigo não está mais ali logo ao lado, o perigo está ali na bolsa da sua parceira ou nas mãos do seu parceiro, muitas vezes ao seu lado na mesa do restaurante ou na sua própria cama.

Será que os relacionamentos resistirão?

José Antonio F. Antiório Filho é Advogado com MBA em Gestão Empresarial.

*Artigo publicado na Revista Vertical News

Edição nº 62 – 06/2019