Amor e Afetividade

Há quase cinco anos tive um dos casos mais emocionantes em que atuei em minha carreira e hoje me recordo até emocionado. O desfecho cerca de um ano e pouco depois deixou uma família inteira feliz e me deu a oportunidade de figurar até mesmo num famoso programa dominical exibido na televisão numa das maiores emissoras do país comentando um outro caso parecido.

Tratava-se de uma adoção sócio-afetiva feita pelo padrasto logo após a enteada, que ele criou como filha biológica, tornar-se maior de idade. O desejo de ambos foi tamanho que ali víamos que a paternidade é muito maior do que simplesmente o resultado de um relacionamento entre duas pessoas. A situação, talvez fosse simples, se não houvesse uma pessoa que foi o responsável biológico pelo nascimento de uma criança que tinha seu nome estampado numa certidão.

Mãe de acordo, mesmo já estando separada, família apoiando, pai afetivo torcendo para dar certo e a jovem empolgada pois teria em sua certidão o nome daquele que realmente considerava como Pai. Pai com “P” maiúsculo, que além de provedor encheu aquela menina de amor e carinho durante toda sua vida. E chegou ali, também, um dos momentos mais tristes não só da minha carreira mas também da vida, principalmente para um pai que ama seus filhos. Foi quando o responsável biológico simplesmente assinou um termo abrindo mão da paternidade para que o caminho se abrisse. Doeu em mim, como pai, entender como o ser humano pode ser tão cruel. Mas isso não vem ao caso, o importante é que o caminho foi aberto, a felicidade tomou conta de uma família e puderam, depois de anos e anos de amor e afetividade, consagrar na certidão de nascimento aquele “novo nascimento” e o desejo de uma vida realizado.

Essa história se encerrou, o caso terminou e hoje o meu desejo é que, onde essa menina estiver, seja coberta com muita luz e muita paz sabendo que foi amada por um Pai e teve uma guerreira ao seu lado, uma Avó que fez o máximo para dar à neta o Pai que o responsável biológico não foi!